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40 anos de um dos clássicos do Heavy Metal: Heaven and Hell!

Hoje fazem 40 anos de um dos álbuns mais queridos no mundo do Heavy Metal – Heaven and Hell de 1980, do Black Sabbath!

O disco é a estreia do saudoso cantor Ronnie James Dio no mundo do rock pesado e é até hoje considerado uma obra de arte muito influente para a música. Trouxe novos ares ao Black Sabbath que já estava desgastado com todas as desavenças nos últimos anos com o Ozzy e ainda mostrou que a banda podia alçar novos voos mesmo sem o vocalista original.

A icônica capa do disco Black Sabbath - Heaven and Hell feita por Lynn Curlee
Icônica capa do disco feita por Lynn Curlee.

Heaven and Hell é divisor de águas e de fãs. Muitos odeiam essa fase em que o Black Sabbath deixou a sua raiz do blues um pouco para trás e começou a pensar mais em harmonias e acordes complexos. Nessa época, a banda contou com o tecladista Geoff Nichols, como membro fantasma, mas que trouxe muito dessa harmonia para dentro das composições e Tony Iommi (guitarrista e fundador da banda) abraçou a ideia com muito fervor.

Essa fase do Black Sabbath foi muito cheia de idas e voltas. O contrabaixista, Geezer Butler, deixou a banda logo depois de Ozzy Osbourne (cantor original) ter sido demitido. O baixista achava que a banda jamais seria a mesma mas, depois de um tempo afastado e de então ouvir o material que os músicos estavam produzindo, Geezer não hesitou em pedir para retornar à banda e regravou todos os baixos que até então estavam sendo gravados pelo músico e companheiro de Ronnie James Dio em sua antiga banda (ELF), Craig Gruber.

Conheci Ronnie James Dio neste disco e me apaixonei por sua voz, foi nesta obra que também descobri o que era contrabaixista e comecei a me interessar pelo instrumento. Eu cantarolava as melodias do baixo sem me dar conta do que era e um tempo depois eu estava aprendendo a tocar o instrumento e comecei a tirar as músicas de ouvido. Tirei também muitas das letras de ouvido, essa obra teve um impacto muito grande na minha carreira como falante da língua inglesa. Mas chega de história, é hora de falar do disco:

Neon Knights já chega mostrando que a nova formação do Sabbath não estava pra brincadeira. A música simplesmente começa, sem mais nem menos, com a bateria intensa de Bill Ward, as guitarras de Iommi entregando um riff agitadíssimo e o baixo de Geezer Butler encorpado de uma forma ainda não vista naquela época. Uma música que trata de um tema místico em que cavaleiros de luz vagam pelo plano etéreo para lutar contra tudo o que há de ruim no mundo, bem a cara do Ronnie James Dio, que acabara de deixar o Rainbow (banda que carregava esses temas em suas músicas e virou marca registrada do cantor que assumira o papel de letrista).

Logo depois da porrada de Neo Knights, um violão começa a dedilhar as notas da próxima música, Children of the Sea. Esta canção já existia na época do Never Say Die (último disco com Ozzy Osbourne nos vocais – 1978), embora os músicos nunca tivessem conseguido completá-la naquela fase. É neste álbum que a música finalmente ganha vida! A letra mostra uma visão do fim do mundo contada por crianças que teriam tido contato com o sobrenatural. É de arrepiar! O riff principal da música é pesado, o refrão é belíssimo e o interlúdio conta com um arranjo de vozes que é inesquecível e cadenciado.

A próxima música, Lady Evil, começa com uma levada da bateria e um contrabaixo pulsante. Tony Iommi então chega com um riff de guitarra maneiríssimo, bem no estilo do Deep Purple e do Rainbow. A letra retrata a história de uma bruxa que mora em um vale sinistro e pode te fazer sumir num piscar de olhos!

Heaven and Hell: o que dizer desta faixa… Um dos riffs mais icônicos de Tony Iommi, cantado em coro pelos fãs em quase todos os shows da banda. Minha música favorita da vida que, por acaso, tem uma letra que trata disso: de como fazemos da nossa vida um céu ou um inferno, de como somos enganados pelos reis e pelas rainhas a nossa volta, uma analogia perfeita da nossa realidade e do nosso cotidiano. Na minha opinião, uma das melhores letras já escritas por Ronnie. O mesmo pode-se dizer dos riffs da música e dos arranjos criados por Tony e Geoff Nichols, que foram as cabeças criativas desse disco, instrumentalmente falando. A música tem diferentes climas e termina com um lindo arranjo de violão.

Wishing Well é uma música com uma analogia interessante. Traduzindo o título da música, “poço dos desejos”, podemos dizer que a pessoa na letra seria um poço dos desejos contando histórias do significado da vida. Com uma levada pra cima, a banda mostra um groove diferente e alegre, dando uma cor mais clara para o disco. A canção conta com diferentes arranjos de voz e um violão no fundo acompanhando a base principal da música.

Abrindo com um solo de guitarra e um teclado de arrepiar, Die Young é a música mais rápida do álbum, a canção só respira no interlúdio, com arranjos de teclado e guitarra belíssimos. O baixo faz melodias acompanhando as linhas de voz, que cantam de forma sinistra sobre viver o hoje e não o amanhã.

Walk Away é a balada do álbum, contando a história de alguém que encontra uma mulher extremamente atraente e que possa ser o amor de sua vida. A letra parece ser romântica mas tem um tom meio cinza, como se esse alguém não conseguisse falar com essa mulher que tanto ama. Outra música com groove e mostrando uma outra face do Black Sabbath, cheia de harmonias.

O disco então fecha com Lonely Is the Word. Depois da faixa título, essa canção deve ser a minha favorita do álbum. A letra grita solidão do começo ao fim de uma forma mística e mágica, sem glamorizar o tema. É a história de uma viajante solitário que viveu uma vida também solitária, ponto. O riff que abre a música é denso e acompanha o groove da bateria e do baixo, ambos arrastados e bem na onda do blues. O refrão é grandioso e com uma harmonia muito bonita que leva para um interlúdio de guitarra ainda mais belo, essa parte se repete ao final, porém com um solo de guitarra inspirado, o teclado faz uma melodia de tirar lágrimas dos olhos e o baixo desconstrói acordes para fazer a cama da música, é a pérola desta obra.

A última música vai gentilmente se esvaindo e deixando uma vontade de botar o Heaven and Hell no repeat infinito. Eu tenho uma relação muito forte com essas músicas e tudo o que elas trouxeram para a minha versão adolescente. Sem isso, eu não teria me tornado metade da pessoa que sou hoje: baixista, compositor, professor de inglês etc. Eu fico muito triste de lembrar que não tive a oportunidade de ver a banda Heaven and Hell, formada em 2007, que tinha como objetivo tocar toda essa fase com Ronnie nos vocais durante toda sua estada no Black Sabbath. Em 2010 com a morte do cantor, a banda se desfez e então os músicos voltaram com Ozzy Osbourne para a gravação do icônico 13 (disco do qual tenho muito carinho). Tem muita história para contar de todas essas mudanças de formação no Black Sabbath mas, se eu entrar em todos esses detalhes, esse post não acaba.

Então, me faça um favor, vá escutar essa obra de arte e deixa um comentário aí do que você acha do Heaven and Hell, disco e banda.

svg 12 min de leitura

Eloisio Michalski Abreu

Músico e baixista da banda Scream Weaver. Quando não está no palco ou em estúdio, se mistura aos mortais com sua identidade secreta de professor de Inglês e Geografia. Leitor assíduo, é apaixonado por J.R.R Tolkien, Edgar Allan Poe, Neil Peart, Richard Bach, Friedrich Nietzsche, Stephen Hawking, H.P Lovecraft, J.K Rowling, Neil Gailman, Charles Baudelaire e pelos mangakas Mokona, Nanase Ohkawa, Kamome Shirahama, Kentaro Miura, Hiromu Arakawa, Daisuke Igarashi, One e Kaiu Shirai, fora outros que vc vai conhecer nos posts deste blog. Seu lado gamer não vive sem Final Fantasy e Dark Souls, muito inspirado pelos compositores das trilhas e roteiristas das histórias desses games. Se alimenta diariamente de Black Sabbath e do Rush, suas duas bandas favoritas, sem deixar de degustar altas doses de Iron Maiden, Ghost, Slipknot, Foo Fighters, Mastodon, Him entre outras bandas.

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